Vítor Manuel Aguiar e Silva, autor de uma Teoria de Literatura (1967) estudada por sucessivas gerações de universitários e de um conjunto de decisivos ensaios camonianos, é Prémio Camões de 2020. Em 2004 este prémio foi atribuído à amarantina, Agustina Bessa-Luís.
Na sua 32.ª edição, o mais importante prémio literário de língua portuguesa consagrou, Vítor Manuel Aguiar e Silva, o autor de Teoria da Literatura (1967) e uma das mais prestigiadas figuras dos estudos literários portugueses. É o terceiro ensaísta distinguido, depois de Eduardo Lourenço e António Cândido. O prémio tem o valor de cem mil euros.
Em comunicado enviado pelo ministério da Cultura, o júri explica a escolha de Vítor Aguiar e Silva com a “importância transversal” da “obra ensaística” do autor.
Entre o júri estiveram nomes como o escritor guineense Tony Tcheka e os professores universitários Clara Rowland, Carlos Mendes Sousa, António Cícero, António Hohlfeldt e Nataniel Ngomane, de Portugal, Brasil e Moçambique.
“A atribuição do Prémio Camões a Vítor Aguiar e Silva reconhece a importância transversal da sua obra ensaística, e o seu papel ativo relativamente às questões da política da língua portuguesa e ao cânone das literaturas de língua portuguesa”, diz o comunicado, acrescentando que “no âmbito da teoria literária, a sua obra reconfigurou a fisionomia dos estudos literários em todos os países de língua portuguesa. Objeto de sucessivas reformulações, a Teoria da Literatura constitui-se como exemplo emblemático de um pensamento sistematizador que continuamente se revisita. Releve-se igualmente o importante contributo dos seus estudos sobre Camões”.
A ministra da Cultura quis ainda realçar as “qualidades intelectuais e académicas” do vencedor do prémio e aproveitou para sublinhar o “perfil humanista com que marcou gerações de alunos e leitores”.
Este ano, Vítor Aguiar da Silva publicou um volume com o nome “Colheita de Inverno – Ensaios de teoria e crítica literárias”, mas, por ser dono de uma vasta bibliografia, há ainda a destacar uma das sua obras mais importantes: “Teoria da literatura” (1967). É também autor de obras como “Maneirismo e barroco na poesia lírica portuguesa” (1971), “Crítica de Livros: teoria literária” (1977), “Camões: labirintos e fascínios” (1994), “Jorge de Sena e Camões: trinta anos de amor e melancolia” (2009) e “As humanidades, os estudos culturais, o ensino da literatura e a política da língua portuguesa”, entre outros.
O Prémio Camões, que tem como objetivo distinguir um autor “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum” foi atribuído pela primeira vez em 1989 ao escritor Miguel Torga. No ano passado, o vencedor foi Chico Buarque, escritor de “Leite Derramado” e “Budapeste”, entre outros.
Lista dos distinguidos com o Prémio Camões:
1989 — Miguel Torga, Portugal
1990 — João Cabral de Melo Neto, Brasil
1991 — José Craveirinha, Moçambique
1992 — Vergílio Ferreira, Portugal
1993 — Rachel Queiroz, Brasil
1994 — Jorge Amado, Brasil
1995 — José Saramago, Portugal
1996 — Eduardo Lourenço, Portugal
1997 — Pepetela, Angola
1998 — António Cândido de Mello e Sousa, Brasil
1999 — Sophia de Mello Breyner Andresen, Portugal
2000 — Autran Dourado, Brasil
2001 — Eugénio de Andrade, Portugal
2002 – Maria Velho da Costa, Portugal
2003 — Rubem Fonseca, Brasil
2004 — Agustina Bessa-Luís, Portugal
2005 — Lygia Fagundes Telles, Brasil
2006 — José Luandino Vieira, Portugal/Angola
2007 — António Lobo Antunes, Portugal
2008 — João Ubaldo Ribeiro, Brasil
2009 — Arménio Vieira, Cabo Verde
2010 — Ferreira Gullar, Brasil
2011 — Manuel António Pina, Portugal
2012 — Dalton Trevisan, Brasil
2013 – Mia Couto, Moçambique
2014 – Alberto da Costa e Silva, Brasil
2015 – Hélia Correia, Portugal
2016 – Raduan Nassar, Brasil
2017 – Manuel Alegre, Portugal
2018 – Germano Almeida, Cabo Verde
2019 – Chico Buarque, Brasil
2020 – Vítor Aguiar e Silva, Portugal