As ordens dos Médicos e dos Enfermeiros garantem que o Hospital de Penafiel (unidade do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa- CHTS) entrou em rutura. O CHTS tem já 210 internados com covid-19, mais de dez por cento dos internamentos nacionais pelo novo coronavírus.
Há mais de 100 profissionais do hospital infetados ou em isolamento.
A pressão aumenta a cada dia, com as unidades a Norte a pedirem um plano regional de emergência ao nível da saúde.
João Paulo Carvalho, presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros fala em cenário dantesco. “Às 8 horas da manhã [desta segunda feira] o serviço de urgência do hospital de Penafiel tinha 34 doentes internados com covid positivo. Havia doentes com 16 horas de espera para serem observados pelo médico pós-triagem pela equipa de enfermagem”, explica.
Atualmente, o CHTS tem internados 154 doentes covid no Hospital de Penafiel, 45 em Amarante. Mais de 10% dos doentes por covid no país. O CHTS já transferiu 10 doentes para o Hospital das Forças Armadas, no Porto e 20 para o Hospital Escola Fernando Pessoa, em Gondomar.
“É fundamental que haja uma atuação imediata, já! Não nos pudemos dar ao luxo de não utilizar-mos os recursos que temos e deixar sobre alguns profissionais uma pressão absolutamente brutal que lhes vais condicionar mais que o Burnout [distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso] um sofrimento ético sem paralelo”, ressalva Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos.
O Presidente do Conselho de Administração (CA) do CHTS fala de “profissionais guerreiros”, mas assume dificuldades de contratação, com pessoal a rejeitar contratos de apenas 4 meses. O responsável não esconde, com preocupação, o crescente risco de falhas na assistência e por isso diz ser “imperativo um plano de emergência regional”. Até porque tudo vai piorar nos próximos 15 dias porque as medidas implementadas só começam a ter efeito nas próximas duas semanas.
A ARS Norte admite a preocupação e garante reforçar recursos também privados. No Hospital S. João, Porto, estão já lotadas as 12 camas de Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) criadas na passada semana no serviço de cirurgia geral. O Centro Hospitalar S. João está prestes a declarar o nível 4, o mais grave do plano de contingência.