O Governo vai esperar pela próxima terça-feira para avaliar a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal, mas admite que se o número de novos contágios diários se mantiver nos valores atuais – a rondar os dez mil – o país pode voltar a um confinamento semelhante ao que esteve em vigor em março. Com uma diferença significativa: sem encerramento das escolas.
Mais do que admitir este cenário, Costa apontou-o como “provável” na tarde desta quinta-feira, 7 de janeiro, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.
“O cenário que podemos ter como provável é voltarmos a um conjunto de medidas tipo aquelas que adotámos em março, com a ressalva de todos os especialistas nos indicarem que não se justifica afetar o normal funcionamento das escolas”, sublinhou António Costa.
Antes, o primeiro-ministro já tinha deixado esta ideia de que as escolas devem permanecer abertas: “Há um grande consenso entre os técnicos e os especialistas de que não se justifica afetar o funcionamento do ano letivo. Não devemos ter medidas que impliquem, como adotámos no ano letivo passado, a interrupção da atividade letiva”.
Para já, vão manter-se as medidas atualmente em vigor, agravadas no próximo fim de semana com a extensão a praticamente todo o país da proibição de circulação na via pública após as 13 horas. Fica também interdita a circulação entre concelhos. Medidas que se aplicam a todos os municípios com mais de 240 casos por cada 100 mil habitantes – uma regra que só deixa de fora 25 concelhos do território continental.
Os 25 concelhos são: Alcoutim, Aljezur, Almeida, Arronches, Barrancos, Carrazeda de Ansiães, Castanheira de Pêra, Castelo de Vide, Coruche, Ferreira do Alentejo, Freixo de Espada à Cinta, Lagoa, Manteigas, Monchique, Odemira, Pampilhosa da Serra, Proença-a-Nova, Resende, Santiago do Cacém.
Uma “medida cautelar”, nas palavras do primeiro-ministro, que vai esperar até terça-feira (data da reunião com os especialistas do Infarmed) para decidir o quadro de restrições face à evolução da pandemia. Costa diz que a data não é por acaso – “foi a que os especialistas identificaram como o dia em que podemos ter dados mais seguros relativamente ao que foi a evolução da pandemia neste último mês”.
O líder do executivo referiu que estes próximos cinco dias permitirão ter uma visão mais sólida da realidade atual da pandemia. Já amanhã, para “ganhar tempo” e começar a preparar as medidas em função dos vários cenários possíveis, reúne de emergência a Comissão Permanente da Concertação Social.
Os partidos políticos com assento parlamentar também serão ouvidos neste processo. Caso se concretizem os piores cenários, as medidas serão implementadas logo na terça-feira.
De acordo com o Boletim diário da Direção-Geral de Saúde, Portugal contou 9927 novos casos e 95 mortos por covid-19 nas últimas 24 horas. Na quarta-feira foi registado um número recorde de novos contágios – foram 10.027 em 24 horas, com o número de mortes a ascender a 91. Desde o final de dezembro que o número de novos casos tem vindo a registar uma tendência crescente.
O estado de emergência atualmente em vigor prolonga-se até dia 15, sexta-feira da próxima semana.