I Congresso Internacional do Caminho de Torres debate a importância do “trabalho em rede” e a valorização deste Caminho



CULTURA. Foi com o grupo musical Ensemble Allettamento, de Elsa Pidre Carballa e Mario Braña, ao som de “Folias” do Livro Casta de Lições, de Pedro Lopes Nogueira, num pequeno momento musical com foco no património musical português e espanhol do século XVIII, que chegou ao fim do I Congresso Internacional do Caminho de Santiago – Caminho de Torres, realizado em Amarante.

José Luís Gaspar, presidente da Câmara de Amarante, como anfitrião, deu as boas-vindas aos congressistas


O congresso, organizado pela Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa (CIM do Tâmega e Sousa), em formato híbrido – presencial, no Centro Cultural de Amarante, e online, debateu o “trabalho em rede”, um dos aspetos mais sublinhados nas intervenções, de todas as entidades envolvidas neste projeto e também a valorização deste caminho.

Na sessão de abertura, o presidente da CIM do Tâmega e Sousa, Gonçalo Rocha, destacou o potencial económico dos Caminhos de Santiago, designadamente, o Caminho de Torres, que atravessa parte da região do Tâmega e Sousa – Amarante, Baião e Felgueiras –, e a importância de os diferentes agentes políticos e económicos, incluindo os municípios, trabalharem em rede para potenciar “um produto económico de excelência”. Enalteceu ainda, a importância desta iniciativa para a comunidade. “Trata-se de um consórcio que abrange várias comunidades intermunicipais e julgo que esta é a forma melhor e com maior sucesso para se encontrar, de facto uma afirmação de um produto de excelência para o nosso país e até internacional”.

A Secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, que marcou presença no Congresso por via digital, defendeu que Portugal deve seguir o exemplo espanhol para transformar os Caminhos de Santiago num “ativo económico de primeira grandeza”. Indicou ainda, a necessidade de se avançar para a “identificação e proteção legal dos itinerários”, para a “criação e manutenção das infraestruturas” e, “não menos importante”, frisou, para “a promoção e valorização”.
Referiu, ainda, que “este é um projeto transversal, que atravessa vários territórios, com uma dimensão territorial muito interessante”, reafirmando que o turismo religioso “é um dos produtos mais importantes do portefólio” turístico português.

O Caminho de Torres, que adota o nome do célebre peregrino Diego de Torres Villarroel (1694-1770), é um dos quatro itinerários jacobeus estruturados em Portugal (Caminho da Costa, Caminho do Interior, Caminho Central, Caminho de Torres), atravessando três concelhos da Região Centro e 15 da Região Norte. Na área geográfica da CIM do Tâmega e Sousa, o Caminho de Torres atravessa os concelhos de Baião, Amarante e Felgueiras. Mais de dois séculos e meio depois, Luís António Quintales transformou o relato de Torres num Caminho de Santiago adaptado às necessidades das peregrinações jacobeias atuais.

Ainda no primeiro dia do evento foi firmado o Protocolo de Gestão do Caminho de Torres entre as cinco Comunidades Intermunicipais responsáveis pelo projeto “Valorização Cultural e Turística do Caminho de Santiago – Caminho de Torres” – a CIM do Tâmega e Sousa, entidade líder, e as CIM do Alto Minho, do Ave, do Cávado e do Douro – e a Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal.

O primeiro dia terminou com a apresentação do livro “Caminho de Torres – Caminhos de Santiago: História de um caminho, um caminho na história”, um livro de “pormenores dispersos, de encantos e espantos”, de Paulo Almeida Fernandes, assessor científico do projeto “Valorização Cultural e Turística do Caminho de Santiago – Caminho de Torres”.

Foi com momentos de alargada discussão e reflexão, de carácter multidisciplinar, dedicado aos Caminhos de Santiago em Portugal e, em particular, ao Caminho de Torres, e de “trabalhar em rede”, que passamos para o segundo dia do Congresso, com a questão “qual será o destino do Caminho de Torres?”.

O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, fez referência que “é impossível falar do futuro sem falar do presente”. Observou que “só trabalhando em rede, mas verdadeiramente em rede”, é que conseguimos combater o passado, e que “queremos valorizar, dinamizar e promover os Caminhos Portugueses de Santiago”.

Para Lídia Monteiro, do Turismo de Portugal, este congresso surgiu num momento oportuno, ou seja, “no momento certo em que desconfinamos em Portugal, em que a atividade turística se reativa, e que para isso se torna relevante expormo-nos de argumentos, que permitam descobrir os nossos territórios, a nossa espiritualidade, como é o caso dos Caminhos de Santigo”.

Recorde-se que a CIM do Tâmega e Sousa, em parceria com as Comunidades Intermunicipais do Alto Minho, do Ave, do Cávado e do Douro, viu aprovado um projeto, que começou a ser desenvolvido em 2017, denominado “Valorização Cultural e Turística do Caminho de Santiago – Caminho de Torres”, cujo investimento global é de cerca de 1 milhão de euros, cofinanciado por fundos comunitários.

Depois deste Congresso, o Caminho de Torres será também apresentado em Salamanca e em Santiago de Compostela, em julho.

O I Congresso Internacional do Caminho de Santiago – Caminho de Torres insere-se no âmbito do projeto “Valorização Cultural e Turística do Caminho de Santiago – Caminho de Torres”, cofinanciado pelo Norte 2020, Portugal 2020 e União Europeia, através do FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

António Orlando

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