ÓBITO. O Padre Mário de Oliveira, autor de livros polémicos como “Fátima, nunca mais”, faleceu nesta quinta-feira, aos 84 anos, no Hospital de Penafiel. O presbítero estava internado desde o final do mês de janeiro devido a um acidente de viação.
Conhecido popularmente por Padre da Lixa, devido à sua forte ligação com a comunidade de Macieira da Lixa, no concelho de Felgueiras, Mário Oliveira não resistiu aos ferimentos sofridos a 27 de janeiro, quando o veículo em que seguia se despistou devido à falta de travões, embatendo com violência numa residência.
Internado no Hospital Padre Américo em Penafiel com fraturas múltiplas, permaneceu nos cuidados intensivos até ao início da semana. Apesar da aparente estabilização do quadro clínico, que resultou na sua transferência para a ortopedia, o presbítero sofreu uma recaída súbita nas últimas horas, vindo a falecer naquela unidade perto das 9 horas da manhã desta quarta-feira.
As suas posições públicas contra a manutenção do conflito na “ultramar” Guiné-Bissau, em 1962, onde exercia o cargo de Capelão, foram mal recebidas pelas estruturas eclesiásticas de então, mas também pela PIDE, que o prendeu por duas vezes e o levou a julgamento, tendo sido absolvido.
Expulso da Igreja Católica na década de 1970, o Padre Mário entregou-se desde então à atividade jornalística, dirigindo o jornal “Fraternizar”, e à escrita de livros, dos quais o mais polémico foi “Fátima, nunca mais”, que chegou à oitava edição em poucos meses.
A sua obra estava a ser editada há vários anos pela Seda Publicações, de Jorge Castelo Branco, incluindo o seu derradeiro livro, “Do mítico Cristo-da-Fé ao Jesus Pré-Histórico”, publicado no ano passado.
Da sua vasta obra, composta por 52 títulos, predominam os estudos bíblicos, grande parte dos quais centrados na denúncia do que considerava ser o desvirtuamento total da mensagem de Jesus Cristo.
Paralelamente, dedicou-se ainda à dinamização do Barracão de Cultura, projeto de dinamização cultural, social e cívica que desenvolveu em Macieira da Lixa e ao qual se manteve ligado até aos últimos dias.