URBANO. Escultura da Viola Amarantina que chegou a ser colocada na nova placa giratória da zona das Murtas – Madalena, foi desmontada. Presidente da Câmara havia afirmado que não gostava do resultado final. Criação artística chegou a ser alvo de chacota nas redes sociais.
A peça artística faz parte de um lote de cinco obras distintas contratualizadas por um total de 200 mil euros à Cooperativa Árvore, no Porto. As obras d´Arte serão espalhadas pela cidade de Amarante e vila de Vila Meã. Poucos ou ninguém gostaram do resultado. A escultura das Murtas acabou por ser desmantelada e o escultor ter-se-á comprometido a refazer a peça que “já não irá para aquele local, mas para outro a definir”. Assim, foi explicado pelo autarca de Amarante, José Luís Gaspar, após ter sido interpelado, novamente, pela Oposição socialista na Assembleia Municipal (AM). Já o tinha sido na reunião da AM de dezembro. Nessa ocasião, Gaspar revelou que não gostava do resultado final.
Para além de “uma questão de gosto”, a fazer correr tinta sobre o assunto, agora, está uma publicação do vereador do PS, Hugo Carvalho, numa rede social. No post com fotos, pode ver-se um amontoado de peças de mármore abandonado na berma da variante da EN210. “Os restos mortais de uma obra de arte!”, assim designa o socialista. “Era caso para rir se a referida escultura não tivesse sido adjudicada por 200 mil euros. (Sendo esta uma das três esculturas contratualizadas). Imaginemos o que se faria com este malbaratar de dinheiro de todos nós”, pode ainda ler-se na publicação do vereador que é também deputado na Assembleia da República.
O post fez com que a deputada na AM do PSD, Amélia Oliveira, acusasse o vereador de demagogo por “ter empolado” o custo da obra. “Os 200 mil euros são para pagar as cinco esculturas”, explicou a social democrata. Sobre o abandono das peças de mármore na berma da estrada, também focado pela bancada do PS, na AM, José Luís Gaspar deixou no ar que os funcionários municipais que fizeram tal serviço irão ser, pelo menos, chamados à atenção: “o assunto será tratado noutro local. Não era suposto as peças terem ido parar onde foram. Já estão no armazém da câmara”, revelou Gaspar.
VIOLA (DES)AFINADA
Pelo que foi possível ver da instalação artística que havia sido colocada na rotunda das Murtas, a escultura representaria a caixa da viola (amarantina). Chegar a tal interpretação, tal como se pôde ver nas fotos de autoria de J.R, no site “amarante e suas freguesias” que o tâmega.tv republica, só era possível com uma visualização através de um plano superior, aéreo. Porém, da forma como a escultura foi colocada, vista da rua, assemelhava-se a um pequeno muro com curvas. Houve até quem a satirizar-se apelidando-a de jazigo.
“Não é uma viola afinada ou por afinar. Eu quando vi, a obra tinha um equilíbrio que pessoalmente gostava mas depois, quando vi o desequilíbrio, não gostei e, por questões de princípio, quando contrato uma coisa, é essa coisa que quero. Quando essa coisa não está de acordo com aquilo que contratei, não quero”, justificou José Luís Gaspar que antes havia sido acusado pelo PS de reagir em função do que se escreve nas redes sociais.
Garantindo que não anda a reboque de ninguém e que não tem problemas com as redes sociais, “está provado que só dizem disparates”, José Luís Gaspar acrescentou que falou com o escultor e que lhe pediu para corrigir a escultura: “Se for possível, se não for, obviamente que tratarei dos aspetos burocráticos [rescisão do contrato, presume-se]. O escultor garantiu-me que dá para corrigir, de toda a maneira essa escultura já não irá para aquele local mas para outro a definir”, explicou o autarca à AM.
Refira-se que para Vila Meã está prevista a colocação de três esculturas na entrada da vila para quem sai da A-4, dedicadas a outros tantos vultos culturais: Agustina Bessa Luís, Amadeo de Souza-Cardoso e Acácio Lino.
VIOLA AMARANTINA
- A viola de dois corações, assim apelidada por causa das aberturas frontais que a caracterizam. São feitas à mão, o que faz de cada instrumento uma peça única. As cordas, dez, são de aço, dispostas em cinco cursos.
- Em 2015 a arquiteta Cristina Rodrigues a pedido da Câmara Municipal de Amarante transformou uma série de violas amarantinas pintando-as, a canetas de feltro, de forma a que em conjunto narrassem a história das mulheres do século XXI.