EDUCAÇÃO. A inauguração do auditório José Monteiro da Rocha, na EB2,3 Carmen Miranda (antigo ciclo do Marco), realizada na manhã desta sexta-feira, 16 de setembro, pela autarca Cristina Vieira, marcou a abertura do novo ano letivo no concelho do Marco de Canaveses.

O auditório José Monteiro da Rocha representou um investimento total de 620 mil euros. Em março de 2021, aquando da visita às obras promovida pela autarquia, havia sido dito que a empreitada ficaria por 592 700 euros, financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) em 403.700 mil euros, pela Câmara em 151.500 mil euros e pelo Ministério da Educação com 37.500 euros. A revisão de preços terá aumentado a fatura em 27.300 euros.
O auditório desenhado por uma equipa de jovens arquitetos do Marco de Canaveses, ex-alunos da escola, aproveitou um antigo conjunto de leiras, cujos declives acentuados (seis metros) foram potenciados pelos arquitetos para aí fazer crescer o auditório com 770m2. Além do moderno auditório com vista para a Serra da Aboboreira, o espaço contempla também uma nova sala de convívio, algo que até agora não existia na escola.

O novo auditório, por sugestão da Associação Amigos do Marco, foi batizado com o nome de José Monteiro da Rocha. Um físico e matemático, nascido em Canaveses, em 1734, reconhecido como sábio em toda a Europa e uma das personalidades mais influentes do seu tempo.
A cerimónia serviu, também, para assinalar a abertura do novo ano escolar.
No concelho marcuense são 6.977 os alunos que estão de regresso aos bancos da escola. Destes, 700 são alunos da EB2,3 Carmen Miranda.
Falando das expectativas para o novo ano letivo, a presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Cristina Vieira, prometeu investir na educação 7,2 milhões de euros. “É um claro sinal que continuamos a apostar na área da educação. Acreditamos que só assim estamos a garantir melhores condições para o sistema educativo, para termos crianças que não tenham só bons resultados educacionais, mas que sejam também bem formadas em termos cívicos, sociais, culturais e que as escolas, onde passam mais tempo, tenham essas condições”, disse.
Um dos investimentos prometidos e que têm sido adiados, prende-se com a construção de instalações próprias para o Conservatório Artâmega. “Tivemos alguns problemas durante a pandemia, em conseguir levar a cabo o projeto no timing definido, mas está pronto e creio que se ainda não foi lançado o concurso estará para breve”, justificou Cristina Vieira. As novas instalações da Artâmega irão ocupar o espaço de uma antiga discoteca que existia no Estádio Municipal. Atualmente usam as instalações da Escola Secundária da cidade.
José Monteiro da Rocha (perfil elaborado por João Baptista Magalhães):
- Nasceu em 1734 em Canaveses. Pertencia a uma família de lavradores e um dos seus irmãos foi um notável santeiro: construiu os santos em pedra que engrandecem o Santuário do Bom Jesus de Braga. José Monteiro da Rocha foi uma das personalidades mais importantes da Europa nos finais do séc XVIII, princípios do séc. XIX.
- Aos 18 anos partiu para o Brasil e aí entrou na Ordem de Santo Inácio. Com a expulsão dos jesuítas, permaneceu como clérigo e veio para Portugal.
- Por sugestão do reitor da Universidade de Coimbra, D. Francisco de Lemos, foi encarregado de organizar a nova Faculdade de Matemática (criada com a Reforma de 1772). Colaborou na redação dos estatutos da Universidade reformada, na parte respeitante às Ciências Naturais e à Matemática.
- Recebeu o grau de Doutor e foi incorporado nessa Faculdade, lecionando as cadeiras de Ciências Físico-Matemáticas, Mecânica e Hidrodinâmica.
- Em 1783 passou a reger a cadeira de Astronomia e tornou-se no astrónomo mais célebre da Europa. Nesta matéria, tem inúmeros trabalhos, pronunciou inúmeras conferências e é citado por todos os especialistas, de todo o mundo, nesta área do conhecimento.
- Em 1795 foi nomeado diretor do Observatório Astronómico.
- Entre 1801/1807 foi conselheiro do Príncipe Regente D. João, e, logo a seguir, foi nomeado Mestre do príncipe D. Pedro e dos outros infantes, sendo-lhe atribuído um aposento no palácio real.
- Em 1804, tornou-se membro da Sociedade Real da Marinha e vice-presidente da Junta da Direção Geral de Estudos e foi agraciado como membro da Ordem de Cristo. E, quando o bispo de Coimbra e reitor da universidade, Dr. Francisco Lemos, liderou a embaixada que foi a Baiona conferenciar com Napoleão, Monteiro da Rocha substituiu o Reitor e foi o elo de ligação entre o Bispo e D. João VI que já se tinha refugiado no Brasil.
- Em 1814 o Dr. Francisco de Lemos morre e José Monteiro da Rocha é um dos escolhidos para fazer a oração fúnebre durante as exéquias que, em sua honra, são feitas em Coimbra.
- Em 1819 José Monteiro da Rocha faleceu em S. José de Ribamar, Carnaxide, Lisboa.