CRIME. A detenção ocorreu na passada terça-feira, tendo nesta quarta-feira o médico sido presente a um juiz de instrução no Tribunal de Penafiel. Depois de interrogado foi libertado, mas proibido de contactar com as vítimas e testemunhas e de exercer medicina.

O médico em causa é um ortopedista que trabalha no Hospital Padre Américo, em Penafiel, há vários anos e que foi alvo de duas queixas apresentadas por duas mulheres na casa dos 40 anos, uma no ano passado e outra já este ano. MSR, de 60 anos, terá despido totalmente uma paciente durante uma consulta após o que terá praticado atos considerados por lei como violação.
“O arguido, médico de profissão, no âmbito das suas funções de consulta em ambulatório em estabelecimento hospitalar público, com o pretexto de melhor efetuar o diagnóstico médico, terá sujeitado as vítimas à prática de atos sexuais abusivos”, informa, em comunicado, a Diretoria do Norte da Polícia Judiciária (PJ).
O ortopedista terá mandado as duas doentes despirem-se parcialmente e começado a palpação nas áreas onde tinham dores. No entanto, os toques continuavam para zonas nas quais as pacientes não apresentavam qualquer queixa, chegando o médico a tirar as calças e as cuecas das pacientes e a introduzir-lhes os dedos nas partes genitais.
“As vítimas, embora constrangidas, submetiam-se às referidas práticas, dada a situação de dependência em que se encontravam, bem como pela ignorância face aos alegados atos médicos em curso”, lê-se no comunicado.
Uma das mulheres que se queixou de ter sido violada durante uma consulta, terá sido abusada no ano passado, no Hospital de Penafiel. Logo na altura, a PJ investigou o caso e remeteu o inquérito para o tribunal com fortes indícios da prática do crime. O médico, residente em Matosinhos, negou, mas, entretanto, foram solicitados mais exames periciais o que acabou por atrasar a dedução de uma acusação visando o ortopedista.
Os dois casos de violação foram agora juntos no mesmo processo. As autoridades acreditam que possam agora surgir mais queixas de mulheres que até agora nunca denunciaram práticas abusivas por vergonha ou por acreditar que a justiça não lhes iria dar credibilidade.
O médico foi apresentado a tribunal, que decretou, como medidas de coação, a suspensão de funções em “qualquer estabelecimento de saúde público ou privado e proibição de contactos com as vítimas e testemunhas do inquérito.
O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, onde está integrado o Hospital de Penafiel, apenas adianta que “está, desde o início, a colaborar com as autoridades, a quem está entregue o caso”, recusando mais esclarecimentos.