AMBIENTE. As lamas que resultam do tratamento da água para abastecimento público por parte da Águas de Douro e Paiva estão a ser utilizadas como matéria-prima para a produção de telhas. Só no ano passado, 1700 toneladas de lamas deram origem a 13 milhões de telhas
“Este processo, pioneiro e inovador, é um excelente exemplo de economia circular e sustentabilidade na área ambiental”, sublinha a Águas de Douro e Paiva, em comunicado, sublinhando que as lamas não são encaradas como resíduos, passando, isso sim, por um processo de valorização para utilização na indústria cerâmica.
De acordo com a empresa, “a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Lever, em Gaia, produz, em média, 100 milhões de m3 de água por ano, utilizando um processo de tratamento em várias fases, equipado com os mais avançados meios tecnológicos”, assegurando dessa forma “o fornecimento de uma água potável, segura e de excelente qualidade”.
Numa das fases de processo – flotação e filtração em unidades CoCoDAFF (Counter Current Dissolved Air Flotation and Filtration) – “as águas de lavagem dos filtros e as lamas recolhidas à superfície são encaminhadas para a Unidade de Tratamento de Lamas”. Ali, “são desidratadas e sujeitas a processos de espessamento e centrifugação, sendo, posteriormente, encaminhadas para serem utilizadas como matéria-prima na indústria cerâmica”.
Esta operação está em desenvolvimento “há vários anos” e resulta de um projeto de investigação datado de 2003, no qual participaram a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV) e uma empresa parceira das Águas do Douro e Paiva.
“Inicialmente, as lamas foram incorporadas no fabrico de tijolos e, mais tarde, em telhas, sendo utilizadas como matéria-prima na produção de cerâmicos numa proporção inferior a 3%”, contabiliza a Águas de Douro e Paiva.
Este projeto permitiu “reduzir significativamente a quantidade de resíduos depositados em aterro, o que implicava custos ambientais e financeiros elevados, transformando esses resíduos num recurso valorizado a 100%”. As lamas, acrescenta a empresa, representam 77% do volume total dos resíduos produzidos pela Águas do Douro e Paiva.
“No nosso país temos exemplos verdadeiramente extraordinários de economia circular muitas vezes desconhecidos. Este é um deles”, afirma o presidente do Conselho de Administração das Águas do Douro e Paiva, António Borges.
