POLÍTICA. Esta é a segunda acusação que recai sobre a autarca do Marco de Canaveses

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) abriu um processo de inquérito à presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, Cristina Vieira (PS) por, alegadamente, ter promovido esta semana o envio aos munícipes, via CTT, exemplares da revista municipal de janeiro juntamente com flyers da campanha do Partido Socialista às eleições legislativas. Em causa está uma denúncia feita por um munícipe após ter recebido das mãos do carteiro a referida revista e os flyer´s.
“Confrontei o carteiro com a dupla entrega, que classifiquei de uma vergonha, ao que carteiro me respondeu: ‘antes isto que uma multa’, fim de citação”, disse, ao TTV, Francisco Gil Mendes, autor da denúncia e um conhecido ativista local que no passado foi um ativo denunciante de supostas irregularidades cometidas pelo então presidente da Câmara local, Avelino Ferreira Torres, entretanto já falecido.
A CNE, após abrir o processo de inquérito a Cristina Vieira, com a referência AR.P-PP/2024/126, terá notificado a autarca socialista para se pronunciar.
Este é, pelo menos, o segundo processo de inquérito que a CNE abriu à autarca marcuense. O primeiro ocorreu aquando das eleições autárquicas de 2021 e que ainda estará a ser investigado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) por suspeita de violação dos deveres de neutralidade. A autarca Cristina Vieira, também diretora da revista municipal, na ocasião, colocou o então ministro da Habitação, Pedro Nuno Santos, na capa da publicação para ilustrar a estratégia local de habitação (ELH) avalizada por 16 milhões de euros.
Tal como há três anos, a ELH e Pedro Nuno Santos, agora nas legislativas, volta a ser protagonista no Marco de Canaveses, onde hoje, de resto, o candidato socialista realizou um almoço de campanha.
Para Francisco Gil Mendes, “é demasiada a coincidência” a revista municipal, com data de edição de janeiro ser, agora em março, distribuída na véspera das eleições legislativas. “Um dos destaques da revista é o protocolo estabelecido pelo então Ministro da Habitação, Pedro Nuno Santos, com a autarca para a construção de habitação social ao abrigo da estratégia local de habitação (ELH), facto que é realçado, também, no flyer da Presidente de Câmara onde faz o apelo ao voto no PS de Pedro Nuno Santos: “com o seu apoio conseguimos financiamento para o maior projeto de habitação pública de sempre”, pode ler-se entre outras considerações no verso do flayer que tem como imagem principal os rostos de Cristina Vieira e Pedro Nuno. O outro flayer é o institucional da campanha do candidato a primeiro ministro do PS.
Confrontada com a denúncia a Presidente da Câmara do Marco de Canaveses, diz que a edição de janeiro da revista “cumpriu a periodicidade da publicação” e que “os serviços de distribuição foram adjudicados a 22 de janeiro”.
“Como é óbvio, a Câmara Municipal desconhece e é totalmente alheia à entrega de flyers ou qualquer outro tipo de publicidade que os CTT tenham distribuído em simultâneo com a revista. Trata-se de uma empresa privada e é fácil de compreender que o Município não tem qualquer controle, ou sequer conhecimento, sobre os serviços que presta a outros clientes”, justifica Cristina Vieira.
A autarca conclui dizendo que “este é um não-assunto resultante de mais uma queixa anónima feita à CNE, que tem sido utilizada recorrentemente como arma de arremesso contra o Município”. Francisco Gil Mendes nega o anonimato e assume a paternidade da denúncia.