Abelhas ‘culturais’ no mosteiro S. Gonçalo dão mel mas há quem tema ferroadas

POLÉMICA. Projeto da Câmara de Amarante é atrair os enxames na direção das estruturas e depois encaminhá-las para apiários. Moradores receiam as picadas e já houve queixas na GNR

A presença de quatro colmeias nas paredes dos claustros do Convento de S. Gonçalo, em Amarante, está a ser contestada por alguns munícipes, que se dizem ameaçados pelas ferroadas e um dos contestatários até já pediu a intervenção da GNR. A Câmara defende-se com a vontade incontrolável das abelhas de assentar arraiais no convento, onde está instalado o Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso.

As colmeias, segundo a autarquia, foram colocadas no convento como um isco para que os enxames de abelhas, que nesta altura do ano proliferam por debaixo das subtelhas e paredes do edifício monumento nacional, mudem de casa. Uma vez concretizada a mudança, os insetos são levados nas colmeias para apiários.

O assunto é tão picante, que a autarquia se viu na necessidade de chamar à reunião do executivo municipal um técnico do departamento de zoologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) para explicar os procedimentos a ter com aqueles inquilinos que, sobretudo, na primavera se mostram muito ativos da recolha de pólen para a produção de mel.

TEME PELA SAÚDE DO NETO

Na autarquia, há registos da recolha de 19 litros de mel retirados de enxames nos telhados do convento. Contudo, há quem não se sinta particularmente seduzido com tanta doçura. É o caso de Artur Freitas, um antigo coronel do Exército, que considera existir ilegalidade na presença das colmeias em espaço público, no caso, nos claustros do convento.

O antigo militar diz “temer pela saúde” do neto, “alérgico à picada de abelhas”. Depois de levar o assunto à reunião do executivo, no início do ano, este munícipe escreveu ao comandante da GNR de Amarante para que enviasse uma patrulha ao local para confirmar “o ilícito, com vista à elaboração do competente auto a remeter à Direção Regional de Agricultura, para a instrução do processo de contraordenação, com conhecimento ao diretor-geral de veterinária, a entidade responsável pela aplicação das coimas e sanções acessórias”, consoante o disposto no Artigo 18 do Decreto-Lei N.o 203/2005 de 25 de novembro, que estabelece o regime jurídico da atividade apícola.

Na reunião do executivo, Paulo Russo de Andrade, do Departamento de Zoologia da UTAD, considerou que não há lugar a qualquer ilicitude na presença de colmeias nos claustros do convento , atendendo a que não existe um apiário, mas sim colmeias-isco, para retirar dali as abelhas.

“A hipótese de alguém morrer por causa de uma ferroada é de 0,1 a 0,5 por milhão. Se as colmeias forem colocadas acima dos quatro a cinco metros do solo, o risco de picada é mínimo. As abelhas não atacam, apenas se defendem quando se sentem ameaçadas fazendo uso da picada, até porque ao picarem, as abelhas assinam a sentença de morte”, nota.

Cidade BeePath

A cidade de Amarante faz parte do projeto de apicultura urbana sustentável – BeePath–, criado no âmbito do Programa Urbact pela União Europeia. A ideia é desenvolver a apicultura, não apenas como atividade económica, mas também pelo seu papel na monitorização ambiental, na educação ambiental e na alimentação.


ABELHAS

20 mil espécies de abelhas existem em todo o Mundo. Destas, entre 750 e 760 espécies habitam em Portugal.

António Orlando

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