Gestão sustentável dos recursos hídricos esteve em debate em Baião


A importância vital da água esteve no centro do debate que teve como mote a “Gestão Sustentável dos Recursos Hídricos”, no âmbito da III Conferência Anual de Ambiente e Sustentabilidade, organizada pela Câmara Municipal de Baião que se realizou no dia 29 de maio, nos Serviços Municipais de Santa Marinha do Zêzere, contando com intervenções de especialistas nacionais e internacionais ligados ao setor.

O presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Filipe Duarte Santos, debruçou-se sobre o tema: “Os Desafios da Sustentabilidade. Centrar o debate no conhecimento de nós próprios”, apresentando uma resenha histórica no que respeita às alterações climáticas e apontando alguns dos efeitos nefastos decorrentes.

Na sua intervenção, Willy Legrand, professor da International University of Applied Sciences, Alemanha, apresentou uma análise de dados sobre desperdícios de água que se verificam em determinados setores de atividade, apresentando, também, exemplos de mitigação dos consumos exagerados.

NECESSIDADE DE ATUARMOS DE FORMA RÁPIDA E ÁGIL

Vera Eiró, presidente da Entidade Reguladora de Água e Resíduos (ERSAR), sublinhou o valor da água que “é infinito” e que “ultrapassa, em muito, o seu custo”. Tendo em conta a sua escassez, defendeu a necessidade de atuarmos “de forma rápida e ágil”, nomeadamente através de uma gestão de médio e longo prazo. Neste sentido, a presidente da ERSAR, elencou um conjunto de medidas que devem ser adotadas.

Por sua vez, Jorge Cardoso Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos, abordou questões relacionadas com o futuro da água e dos recursos hídricos, elencando ameaças e oportunidades, estas centradas num plano de gestão que passará, entre outros, pelo equilíbrio económico e financeiro do setor e pela abertura de portas à inovação.

A intervenção de Simone Varandas, professora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, do Centro de Investigação das Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) com o tema: “A Gestão dos Recursos Hídricos – Uma só saúde”, centrou-se na qualidade da água e na forma como essa qualidade é afetada e pode ter uma forte influência na saúde humana. A investigadora apresentou um conjunto de dados sobre a quantidade de água doce existente no planeta, 2,5%, sendo que, uma parte considerável não é potável, obrigando a um investimento muito avultado para que seja própria para consumo humano.

Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que referiu um quadro diverso no país no que diz respeito à “distribuição” da água, aludiu a alguns projetos mitigadores de situações de escassez e destacou o “bom exemplo de Baião” na forma como gere os seus recursos.

Houve ainda oportunidade para o debate, tendo sido abordadas várias questões relativas à temática.
Foi ainda realizada uma prova de água pela Confraria da Água – Associação de Provadores de Água de Portugal.

A “Green Team”, equipa municipal responsável pela organização do evento, deu conta da pegada carbónica resultante da Conferência, sublinhado que iriam ser tomadas medidas compensatórias. 

Na intervenção de abertura, o presidente da Câmara de Baião, Paulo Pereira aludindo às diretivas da União Europeia sobre as metas a atingir no quadro da neutralidade climática – emissões líquidas nulas até 2050 e, num quadro intermédio, a redução de 55% das emissões até 2030 -, o autarca deu conta das prioridades definidas por Baião, nomeadamente a “gestão eficiente e sustentável da água, com especial incidência no ciclo urbano da água”.

Neste contexto, o edil apontou um conjunto de investimentos já realizados, como o “reforço de captação e abastecimento de água e saneamento; o lançamento do projeto de reaproveitamento de águas residuais; a estratégia de requalificação das principais linhas de água do concelho, nomeadamente os rios Ovil e Teixeira, que conduzirá à criação de corredores ecológicos”, entre outras medidas enquadradas na estratégia de sustentabilidade.

Após referir o alinhamento do município com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, sublinhando, “desde 2006, a assinatura Baião, Vida Natural”, o autarca assegurou que o “caminho passa, inevitavelmente, pela gestão sustentável dos nossos recursos hídricos”.

PLANO MUNICIPAL DA ÁGUA

E neste caminho, “queremos ir mais além!” garantiu, revelando o avanço da elaboração de um Plano Municipal da Água, baseado numa lógica de “proteção do recurso e de sustentabilidade do desenvolvimento socioeconómico do território”, adiantou.

Reafirmando o desafio com que nos deparamos e a responsabilidade de todos, Paulo Pereira concluiu a sua intervenção citando Saramago: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo!”, disse.

No encerramento da Conferência, o vereador com o pelouro do Ambiente, Henrique Ribeiro, enalteceu a “qualidade, o interesse e a pertinência” da Conferência, agradecendo e elogiando o “contributo de todos os intervenientes” e deixando um sublinhado para a urgência de “tomarmos medidas mitigadoras apontadas à sustentabilidade dos recursos hídricos. A sustentabilidade é uma jornada contínua”, concluiu.

O Auditório onde decorreu a Conferência contou com um conjunto de fotografias do Ovil, tiradas por alunos do 10.º ano do Agrupamento de Escolas do Vale de Ovil, no âmbito das visitas efetuadas ao troço do rio, promovidas pelos pelouros do Ambiente e da Educação, através da Unidade de Ambiente e Sustentabilidade e da Unidade de Educação do Município.

A III Conferência Anual de Ambiente e Sustentabilidade, além dos intervenientes, contou com as presenças do presidente da Câmara de Cinfães, Armando Mourisco, vereadores da Câmara de Baião, outros autarcas, representantes de entidades locais, técnicos e colaboradores da autarquia.

António Orlando

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