OPINIÃO. José Miguel Correia, Presidente da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR)
Silenciosa, progressiva e incapacitante. Assim é a Doença Renal Crónica, uma patologia que afeta cerca de 10% da população nacional e cujas estimativas apontam para que, em 2040, seja a 5.ª principal causa de anos de vida perdidos, sendo, também, a terceira causa de morte com crescimento mais rápido.
A doença apresenta um impacto fortíssimo na qualidade de vida dos doentes que, nas fases mais avançadas os obriga a transplante renal ou diálise; no sistema de saúde, dado o consumo de recursos e os os custos dos tratamentos; na economia devido ao número de faltas ao trabalho de doentes e cuidadores; no ambiente, uma vez que os tratamentos de diálise geram grande quantidade de resíduos; nos cuidadores, que acabam por ter uma carga logística e emocional pesada.
Razões mais do que suficientes para que se dê mais atenção à doença, de modo a que a mesma seja reconhecida numa fase inicial, evitando a evolução para fases mais avançadas onde a hemodiálise e o transplante renal são as soluções para quem está em falência renal.
O acompanhamento regular pelo médico de família para avaliação da saúde dos rins é fundamental para que a patologia possa ser diagnosticada na fase inicial, sobretudo nos doentes de risco, como são as pessoas com diabetes, obesidade, hipertensão e idosos.
E nunca é demais lembrar que uma alimentação cuidada, a prática regular de exercício físico e a ingestão de muita água são recomendações que os especialistas nos deixam e que são importantes tanto para prevenir a doença renal, como outras patologias.
A APIR é membro fundador da Global Aliance for Kidney Health, uma entidade que agrega associações de doentes de vários países com o intuito de alertar para a importância de priorizar a doença renal nas políticas de saúde pública. Esta entidade lançou globalmente a campanha Faça a Diferença na Doença Renal, que em Portugal conta com o apoio da APIR, da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e da AstraZeneca.
Pode saber mais sobre a campanha em: https://globalkidneyalliance.org/make-the-change-pt/