A Área Arqueológica do Freixo (AAF), no Marco de Canaveses, designada por Tongobriga, vai celebrar, pela primeira vez, o “Dia de Tongobriga” em torno de uma das maiores descobertas patrimoniais do Séc. XX em Portugal. A celebração está marcada para esta terça-feira, 20 de agosto, dia que ficou marcado na história, em 1980, como a data das primeiras escavações arqueológicas (ocorreram no dia 20 de agosto de 1980).
Na evocação do Dia de Tongobriga, ao longo do dia, serão homenageados os protagonistas “que naquela década se envolveram direta ou indiretamente nas referidas investigações”, sendo também este o mote das apresentações de projetos de valorização e investigação na AAF.
Do programa da primeira edição da efeméride, que a organização pretende que venha a ter, ora em diante, celebrações anuais, consta ainda a realização de uma mesa redonda sobre as Termas Públicas de Tongobriga assim como a apresentação do Projeto de Investigação Territórios Dinâmicos por Lino Tavares Dias, arqueólogo e antigo responsável pela Área Arqueológica do Freixo. A parte lúdica da efeméride será preenchida com um almoço temático Sabores do Império, um concerto “Contos para Tongobriga” e um verde de honra.
“Tudo começou num campo de milho em 1980”
Em agosto de 1980, num local conhecido como “capela dos mouros”, começaram as escavações de Tongobriga, em Marco de Canaveses. A Área Arqueológica do Freixo é composta de um povoado fortificado proto-histórico localizado num pequeno outeiro, do qual subsistem apenas algumas estruturas habitacionais de planta circular, para além do povoado romano, conhecido pela designação genérica de Tongobriga. As suas ruínas estão integradas numa área com cerca de 50 hectares, classificada como Monumento Nacional desde 1986.
Mas esta classificação trouxe também um conjunto de leis que afastaram as ruínas romanas da população local. Os donos dos terrenos viram-se impedidos de os usar, fosse para a faina agrícola, fosse para a construção. “Iniciei as escavações arqueológicas na aldeia do Freixo no dia 20 de agosto de 1980, em terrenos plantados de milho e oliveiras, onde depois confirmei a existência da cidade romana de Tongobriga”, refere Lino Tavares Dias, na carta de ao arqueólogo que durante décadas foi responsável pela AAF.
Sob a alçada do Ministério da Cultura, os trabalhos de escavação e investigação laboratorial ao longo dos anos foram sustentados pela instalação de um laboratório de apoio à investigação e à gestão: De permeio foram também construídas várias estruturas de apoio à valorização cultural e turística do sítio. Aproveitando as grandes capacidades técnicas, científicas e patrimoniais do Freixo, em 1990, cerca de 10 anos depois de ter iniciado as escavações arqueológicas, também ali se fundou a primeira escola profissional pública de arqueologia. Alegando falta de alunos, a escola, há cerca de um ano, foi encerrada pela tutela.
Atualmente a AAF tem como responsável Jorge Sampaio, arqueólogo que esteve ligado ao Vale do Côa.