POLÍTICA. Os eurodeputados do PSD, em articulação com o Governo português, admitem acionar os mecanismos de solidariedade europeia para fazer face aos danos provocados pela catástrofe dos incêndios.
O Fundo de Solidariedade da União Europeia (UE) permite à UE apoiar de forma eficaz um Estado-Membro, ou um país que participe em negociações de adesão, nos seus esforços para fazer face aos danos provocados por uma catástrofe natural ou uma situação de emergência de saúde pública de grandes dimensões.
A pretensão dos eurodeputados do PSD foi tornada pública pelo eurodeputado do PSD, Sérgio Humberto, esta sexta-feira, no final de uma reunião com os autarcas de Amarante, José Luís Gaspar (PSD), de Baião, Paulo Pereira (PS) e do Marco de Canaveses, Cristina Vieira (PS).
Confrontado pelo JN com a pretensão dos eurodeputados social-democratas, o presidente da Câmara de Baião disse ser da opinião que “tudo o que possa ser feito para ajudar as populações é ótimo”. O autarca socialista, que depois da reunião retomou os caminhos da terra queimada para continuar a contabilidade dos estragos, diz-se “expectante por todo o tipo de ajudas” porque os prejuízos são elevadíssimos. “O secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, já me ligou, quer vir cá, [visita esta segunda feira] isto para lhe dizer que todas as pessoas que têm capacidade de influenciar decisões, a nosso contento, são naturalmente bem-vindas”.
Sérgio Humberto é da opinião que se os países do centro da Europa viram aprovados os seus pedidos de solidariedade europeia por causa das inundações, Portugal, em função da dimensão da tragédia florestal que só nestes três concelhos queimou mais de 15 mil hectares, “terá motivos suficientes para pedir igualdade de tratamento”.
O eurodeputado, em declarações ao TTV, fez ainda questão de dizer que a tragédia registada no distrito do Porto “veio provar que o novo modelo territorial de resposta de emergência e proteção civil implementado há dois anos falhou”.
“Falhou porque a falta de meios que os municípios do Tâmega sentiram aconteceu porque os bombeiros da área metropolitana do Porto, que no passado iam ajudar no combate no interior do distrito, desta vez foram mobilizados para o distrito de Aveiro”, criticou Sérgio Humberto.
A revelação do eurodeputado vai, assim, ao encontro da recusa da Liga de Bombeiros que, em 2022, não aceitou integrar a nova estrutura da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), concluída pelo anterior ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro (socialista natural de Baião), baseada nas comunidades intermunicipais, alegando que os bombeiros estão organizados e trabalham a nível distrital.
As queixas dos autarcas estão sobretudo “relacionadas com a falta de meios aéreos e não com a falta de bombeiros”, contrapôs ao TTV, uma fonte ligada ao PS.
No encontro que decorreu na Câmara de Baião, os autarcas terão fornecido dados, ainda provisórios, dos danos causados na floresta dos três municípios que partilham a Serra da Aboboreira (recentemente promovida a paisagem protegida e que agora está pintada de preto pelos fogos do início da semana).
No caso específico de Baião, que ostentava o epíteto de concelho mais verde do distrito do Porto, é o território da região com maior área ardida. Já estão contabilizados 6500 metros quadrados de área verde queimada, isto é, cerca de 50% do total da área florestal e agrícola do concelho é agora cinza. Doze (12) casas foram atingidas pelo fogo: quatro de primeira habitação totalmente destruídas; seis habitações severamente atingidas; duas de segunda habitação destruídas. Em Baião o fogo consumiu ainda outras 46 casas devolutas e 15 viaturas agrícolas e outras.