CULTURA. A sala de exposições temporárias do Museu Municipal Amadeo Souza-Cardoso (MMASC) recebe a inauguração da exposição “Silva Porto – a paisagem no desenho e na pintura”, este sábado, 28 de setembro, às 17h30. A entrada é livre.
A exposição “Silva Porto – a paisagem no desenho e na pintura”, que a partir de sábado estará patente no MMASC faz uma apresentação informada sobre parte da obra gráfica de Silva Porto (1850-1893), interpretando um conjunto de desenhos da coleção da Sociedade Nacional de Belas Artes – SNBA.
A mostra enquadra, especificamente ,o seu olhar inovador sobre o território, caracterizado pela novidade do ar-livrismo e pela aproximação aos traços identitários do território: paisagens, árvores, animais e pessoas. Ao todo são 32 desenhos e uma pintura, promovendo uma leitura contextualizada da sua génese. Inesperadamente atual, a obra de Silva Porto, apresenta-se agora em Amarante. Para ver até 24 de novembro.
Refira-se que o Município de Amarante viu aprovada a candidatura à DgArtes, no contexto da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea – RPAC, denominada “Paisagens Visuais”, da qual esta exposição será a primeira ação em Amarante.
A candidatura contempla a circulação de 4 exposições, entre 4 territórios: Sociedade Nacional de Belas Artes – SNBA (Lisboa), Museu Côa Parque (Vila Nova de Foz Côa), Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso (Amarante) e Galeria Nova Ogiva (Óbidos). Trata-se de uma parceria entre estas entidades que se prolonga até maio de 2026. O título, “Paisagens Visuais”, e o seu conteúdo programático, remetem para o ponto de partida, para a possibilidade de novos começos e ligações
Depois de Silva Porto, Amarante irá acolher mais três exposições: uma de Amadeo de Souza-Cardoso ainda este ano, e mais duas vindas de Óbidos e Vila Nova de Foz Côa, entre 2025 e 2026.
SABER MAIS
Silva Porto
- A Natureza é a maior fonte de inspiração deste pintor de paisagens vivas, cujos quadros cedo causam sensação. Silva Porto compõe imagens do mundo rural, com uma luz e cor quase fotográficas. Ramalho Ortigão chamou-lhe “o Garrett da pintura portuguesa”.
- Estudou muito para ser o grande pintor que foi, reconhecido e aclamado “Divino Mestre” pelos companheiros, os melhores valores da nova geração da segunda metade do século XIX que, com ele na liderança, fundaram o Grupo do Leão, uma tertúlia de artistas e intelectuais imortalizada no célebre quadro de Columbano Bordalo Pinheiro. O Grupo, que mais tarde deu lugar ao Grémio Artístico, mobilizava-se para divulgar a pintura do Naturalismo em Portugal. Várias exposições foram então organizadas, na primeira, em 1881, Silva Porto apresenta-se com mais de 20 óleos inspirados na natureza.
- De personalidade reservada, este pintor nascido no Porto em 1850, aventura-se na sua formação. Depois de completar o curso na Academia Portuense de Belas-Artes, é bolseiro em Paris, estuda com os consagrados Yvon, Cabanel, Beauverie e Groseillez. Neste período conhece a Escola de Brabizon de Pintura ao Ar Livre onde, sob a orientação do mestre Daubigny, experimenta a pintura de paisagens no local, influência que ficará para sempre. Os trabalhos que produz são expostos no “Salon” e na Exposição Universal com aplausos da crítica. Completa a aprendizagem artística em Itália, onde pintou típicas figuras femininas como “Fiandeira Napolitana”. A seguir, viaja pela Europa para conhecer de perto as obras de grandes paisagistas.
- Quando regressa a Portugal, com menos de 30 anos, Silva Porto já não é um desconhecido. Os quadros de grande riqueza cromática que fora enviando para a pátria, tinham sido recebidos com entusiasmo. É então convidado para reger a cadeira de Pintura de Paisagem na Academia de Belas-Artes de Lisboa. Porém, a consagração do jovem artista será inquestionável no dia em que o rei D. Fernando lhe compra o quadro “A Charneca de Belas” por 300$oo reis. Foi na Exposição da Sociedade Promotora de Belas-Artes, uma das muitas em que participa com medalhas de ouro e prata e valorosas distinções.
- A pintura de Silva Porto (1850-1893) é muito portuguesa, exaltante das terras e dos costumes, em cores generosas e luminosas. “A condução do rebanho”, “A salmeja”, “Seara”, “Ceifeiras”, são apenas alguns títulos de uma extensa lista, acervo de vários museus nacionais. O pintor, que escolheu ter o nome da sua terra natal no apelido, foi o pintor de todo um país.
Fonte: Companhia de Ideias