ULSTS testa diagnóstico de traumatismos que pode evitar recurso à TAC

SAÚDE. Recurso à TAC no estudo com potencial reduziu utilização de TAC em 23%. Utentes com diagnósticos menos invasivos, mais rápidos e menos caros

Mais de 300 utentes com diagnóstico de traumatismo craneo-encefálico (TCE) participaram num estudo que recorreu a análises sanguíneas para avaliar a presença ou ausência de biomarcadores indicativos da presença de lesão. Os resultados foram promissores e abrem caminho a uma estratificação de risco mais rápida, menos invasiva e com custos mais acessíveis.

Entre maio e agosto de 2024, os estudos de traumatismos cranianos realizados no Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica da ULSTS incluíram utentes admitidos no serviço com TCE ligeiros, com menos de 12 horas de evolução e com indicação para realização da chamada TAC cerebral, clinicamente denominada Tomografia Computorizada.

Com uma combinação de testes laboratoriais, o estudo permitiu perceber que doentes apresentavam um resultado positivo potencialmente indicativo de traumatismo com lesão cerebral. Se o resultado fosse positivo, os utentes eram encaminhados para realização de TAC. Caso contrário, não teriam necessidade de um exame de imagem, dado que a ausência dos biomarcadores permitia excluir o diagnóstico de TCE.

Os resultados promissores – com valores de sensibilidade de praticamente 100% – permitem avançar para novos estudos, com o objetivo de se padronizar esta ferramenta de diagnóstico no futuro nos serviços de urgência hospitalares.

Por um lado, este exame laboratorial permite submeter menos doentes a TAC, permitindo uma menor exposição a radiação. Os autores do estudo preveem uma redução da realização de tomografias computorizadas cerebrais na ordem dos 23%.

Adicionalmente, a universalização deste método permitiria reduzir drasticamente os custos relacionados com a realização de tomografias neste contexto, bem como a diminuição significativa do tempo de permanência destes doentes no serviço de urgência, uma vez que as análises em causa são mais rápidas.

Anunciação Ruivo, Diretora do Serviço de Imunohemoterapia da ULSTS, destaca que “nestes casos, podemos perceber a importância da medicina laboratorial e a forma como esta valência, integrada com outras especialidades clínicas, pode ser extremamente útil.”

Para Carla Freitas, Diretora do Serviço de Urgência da mesma instituição, “este estudo mostra a possibilidade de mudança de paradigma no diagnóstico de traumatismo de crânio. Permite com uma análise sanguínea, de forma rápida e muito segura evitar a realização exames com radiação que têm efeitos secundários quando realizados de forma repetida.”

O Diretor Clínico dos cuidados de saúde hospitalares, Nelson Pereira, refere que “para a ULSTS é muito gratificante ver os seus profissionais envolvidos em projetos de investigação que visam melhorar os cuidados aos doentes, mas também caminhar no sentido da eficiência e segurança dos tratamentos. Este, como outros, são prova da vitalidade da organização e da qualidade dos seus profissionais.”

Já Henrique Capelas destacou que “por não ser uma Unidade Local de Saúde central, não é por isso que deixamos de contribuir para imprimir mudanças que podem ter impacto em todo o Serviço Nacional de Saúde. Esta estrutura tem profissionais extremamente competentes e com um tremendo potencial de inovação”, enalteceu o Presidente do Conselho de Administração.

A maioria dos doentes (57,6%) apresentava idade superior a 70 anos, sendo 53,4% do sexo feminino. Destes, 83,4% recorreu ao serviço de urgência no contexto de queda. 4,6% foram diagnosticados com algum tipo de lesão intracraniana, nomeadamente hemorragia, contusão ou fratura

António Orlando

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