CULTURA. Almoço Aberto ao Público no Porto vai revelar receita particular da escritora amarantina. Trata-se do “Frango de pepitória” referido no romance Os Incuráveis.
O Círculo Literário Agustina Bessa-Luís promove no dia 22 de Novembro, no Porto, um almoço aberto ao público inspirado no romance Os Incuráveis de Agustina que vai dar a conhecer uma receita pessoal da escritora, considerada uma excelente cozinheira. O encontro decorre na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, e conta com uma intervenção do historiador Joel Cleto sobre o património cultural em que se inserem alguns dos cenários dos romances de Agustina Bessa-Luís.
Inserido num ciclo de eventos gastronómicos cujas ementas se inspiram em textos avulso, entrevistas ou obras da escritora – e que pretende revelar algumas das suas facetas menos conhecidas –, o almoço terá como prato principal o “Frango de pepitória” referido no romance Os Incuráveis.
Na ocasião, a Editora Relógio D’Água terá à disposição dos comensais, e a preços reduzidos, a obra da escritora que inspira a ementa deste almoço e, também, a edição ilustrada comemorativa dos 70 anos de A Sibila (com desenhos de Frederico Draw), uma versão inédita que será apresentada ao público no próximo dia 18 no Palácio das Galveias, em Lisboa, e seguidamente no Porto, no dia 23, na Biblioteca Almeida Garrett.
Agustina Bessa-Luís, que recentemente viu o seu nome atribuído pela Câmara Municipal de Paris à Biblioteca Municipal de Courcelles, escreveu ao longo da sua vida um total de 60 romances – além de peças de teatro, contos e inúmeros artigos –, em alguns dos quais se pode ler pormenorizadas descrições culinárias incluídas na trama da história.
De acordo com a presidente do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, Mónica Baldaque, a realização desta série de almoços pretende ser “um pretexto, entre tantos outros promovidos por nós, para mantermos viva a presença de Agustina e revelar algumas facetas versáteis e pouco conhecidas da sua vida”.
Os almoços são destinados ao público em geral e sujeitos a inscrição prévia através do envio de um email para o site do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís (circuloliterario@agustinabessaluis.org). A confirmação das inscrições será feita por ordem de chegada, sendo o número de presenças condicionado à lotação da sala.
Sobre Agustina Bessa-Luís
Agustina Bessa-Luís nasceu em Vila Meã, Amarante, a 15 de Outubro de 1922.
As contingências da vida do pai, gestor de empresas de espectáculo e jogo, levaram a família a mudar por diversas vezes de terra. Viveram em Vila Nova de Gaia, no Porto, na Póvoa de Varzim, em Águas Santas, em Bagunte (Vila do Conde) e em Godim, no Douro, na casa pertencente à família da mãe. Foi, essencialmente, a relação com a região duriense durante largas temporadas da sua infância e adolescência que viria a marcar fortemente a obra da escritora.
Desde criança se manifestou o seu gosto pela escrita e pela leitura, alimentadas pelos livros da biblioteca do avô materno. Foi através destes que tomou contacto com alguns dos melhores escritores franceses e ingleses, autores que lhe despertaram a arte narrativa. Na juventude chega a escrever, sob o pseudónimo Maria Ordoñes, o livro Ídolo de Barro, que não publica, e Deuses de Barro, que viria a ser publicado em 2017. A 25 de Julho de 1945 casou-se no Porto com Alberto Luís, estudante de Direito em Coimbra, que conhecera através de um anúncio de jornal posto pela escritora, procurando pessoa culta com quem se corresponder.
Foi em 1953, com o romance A Sibila – ao qual foi atribuído o Prémio Delfim Guimarães e, no ano seguinte, o Prémio Eça de Queiroz – que Agustina Bessa-Luís foi reconhecida como uma das vozes mais importantes na ficção portuguesa contemporânea, mantendo desde então o ritmo de publicação de uma obra por ano, pouco comum nas letras portuguesas.
Algumas das suas obras foram adaptadas ao cinema por Manuel de Oliveira, designadamente Francisca, inspirado em Fanny Owen (1980); Vale Abraão (1991/1992); O Convento, inspirado em Terras do Risco (1995); Party (1996), cujos diálogos foram integralmente escritos por Agustina; Inquietude (1998), inspirado no conto A Mãe de um Rio; O Princípio da Incerteza (2001); e O Espelho Mágico, adaptado de A Alma dos Ricos (2005). Em 2009, o cineasta João Botelho adapta a obra A Corte do Norte; e Rita Azevedo Gomes adapta, em 2018, o texto A Portuguesa, de Agustina, a partir de um texto de Robert Musil.
Agustina sobressaiu não só como romancista, mas também como autora de peças de teatro, guiões para cinema, biografias, ensaios e livros infantis.
Faleceu na sua casa do Porto a 3 de Junho de 2019.