“Ajudem-me a mostrar ao mundo esta vergonha que se está a passar na Travessa da Sortelha”. O apelo é de Eva Teixeira Ribeiro, a vergonha são as enxurradas que lhe provocam avultados inundações na sua casa, localizada naquele arruamento da freguesia de Constance, no concelho do Marco de Canaveses.
A moradora culpa a Câmara do Marco, por “não encaminhar” devidamente “as águas pluviais para o rio” Odres, e também um viticultor, por, a montante dos seus terrenos, ter movimentado vários hectares de terreno para fazer uma vinha. A alteração da morfologia do solo deixou caminho livre para que as águas da chuva galguem vinha abaixo inundando com água e terra a casa de Eva Teixeira Ribeiro.

A moradora diz já ter feito queixas na Câmara e ao viticultor, mas além das “promessas” de resolução do problema “continua tudo igual”. O assunto, garante, já foi participado ao Ministério Público.
A causa maior para o problema, segundo Eva Teixeira Ribeiro, reside na construção de uma zona industrial (Constance), cuja instalação de empresas levou a impermeabilização do solo. “Ora a água não é absorvida pela terra, vem com toda a força por aí abaixo”, relata a moradora apontando para o abundante rego de água que desfila pelo meio da sua propriedade.
A cada previsão de chuva Eva Teixeira Ribeiro entra “em stress” com a “certeza” que virá por aí “uma nova enxurrada”. O marido de Eva reformado da construção civil, a cada episódio vê-se obrigado a pegar no trator agrícola para retirar as várias cargas de terra arrastadas para o pátio de casa. “E não são mais porque, previamente vou colocando barreiras de modo a suster as enxurradas”, explica Luís Teixeira. Uma das barreiras foi a construção de um muro com, 1,60 metros de altura, na partilha com a nova vinha, mas rapidamente o muro ficou soterrado tal é a forças das enxurradas sempre que chove.
A terra arrastada pela chuva, rebentou com uma mina de servidão e entupiu um aqueduto existente na Travessa da Sortelha obrigando a sucessivos cortes de trânsito naquele arruamento a jusante da habitação do casal Teixeira.

A Câmara do Marco de Canaveses reconhece a existência de “problemas”, mas negou ao TTV que tenham origem nas águas pluviais provenientes dos arruamentos públicos, a montante da habitação do novo vinhedo e da habitação do casal queixoso. “Nunca houve problemas dignos de registo até serem realizadas intervenções promovidas por um particular num terreno a jusante, onde foi instalada uma vinha com uma área de mais de sete hectares”, refere a autarquia, acrescentando, que “notificou o proprietário da vinha para remover as terras arrastadas e implementar as medidas necessárias à estabilização das terras da vinha”.
Entretanto, na reunião do Executivo Municipal de sexta-feira, 24 de janeiro, face à presença do casal Teixeira, que expôs o problema no período reservado ao publico, a autarca Cristina Vieira propôs o agendamento de uma reunião para se inteirar devidamente do problema. O proprietário da nova vinha esteve incontactável.