POLÍTICA. A reunião pública da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, realizada esta sexta-feira no salão nobre dos Paços do Concelho, ficou marcada por momentos de tensão e troca de críticas entre os vereadores, com destaque para a intervenção do vereador independente Bruno Magalhães.

Bruno Magalhães começou por criticar a forma como a autarquia tem tratado o Festival Raízes, que se realiza este fim de semana no Largo da Feira. “Quem idealizou este festival nada tem a ver com o Marco de Canaveses”, referiu, lamentando “esta forma de promover o anho assado com arroz do forno a lenha. Ninguém sabe o que é”.
O vereador saudou ainda a eleição de Francisco Vieira, do PSD, como deputado à Assembleia da República, aproveitando o momento para tecer críticas à atuação do PS em período eleitoral. “Apesar dos resultados atípicos, ficou demonstrado que o eleitorado do Marco de Canaveses não vai em promessas de última hora”, afirmou, numa alusão direta à campanha socialista e à promessa de uma nova ponte sobre o rio Tâmega, promovida por Cristina Vieira e a lista do PS/Porto.
Reiterando um pedido que vem fazendo há três anos, Magalhães voltou a solicitar documentação referente ao seu mandato enquanto vice-presidente da autarquia, alertando que recorrerá à via judicial caso continue sem resposta.
Em tom mais contundente, acusou a presidente da Câmara, Cristina Vieira, de utilizar meios da autarquia para fins partidários e pessoais, citando deslocações com portagens pagas pelo erário público e o uso do telefone institucional para comunicações relacionadas com atividades do PS. Apontou ainda que ingressos para um almoço de campanha de Pedro Nuno Santos foram levantados no gabinete presidencial e que a fotografia dos outdoors da autarca é idêntica à publicada na revista municipal.
A reunião foi presidida por Nuno Pinto, vice-presidente da autarquia, devido à ausência de Cristina Vieira, em representação do município no 12.º Encontro de Cidades Resilientes, na Madeira. Pinto considerou que Magalhães “confunde a atividade da Câmara com a atividade política da presidente” e reforçou que os pedidos de documentação devem continuar a ser dirigidos à presidente. Em relação às acusações, desafiou o vereador a apresentar provas junto das entidades competentes.
Francisco Vieira, recém-eleito deputado, também manifestou preocupação com o que considera ser uma sobreposição entre a comunicação institucional da Câmara e a atividade partidária do PS local, nomeadamente nas iniciativas “Café com a Cristina” e “Café com a Presidente”, bem como na utilização de fundos públicos para a produção de materiais com simbologia partidária.
Já Pedro Pinto, vereador do PS, defendeu o Festival Raízes como uma iniciativa tripartida, destinada a promover o Anho Assado, o Vinho Verde e o Artesanato, explicando que a escolha do nome se deve à sua simplicidade e ligação aos produtos locais.
Contactada pelo tamega.tv, a Assessoria de Imprensa da presidente da Câmara do Marco de Canaveses reagiu às acusações, rejeitando-as e criticando o autor das denúncias. “O senhor vereador Mário Bruno Magalhães já nos habituou à sua forma populista de tentar fazer política, que é frequentemente levantar suspeitas contra tudo e todos. E foi exatamente o que aconteceu hoje. Desafiado a apresentar dados concretos sobre as alegadas irregularidades, não foi capaz de concretizar nenhuma”, afirmou a assessoria.