O Tribunal de Penafiel começou a julgar Fernando Emídio Ribeiro, conhecido como “Amarante”, e mais cinco arguidos, acusados de integrarem uma rede de tráfico de droga que operava na região do Tâmega e Sousa. O principal arguido é apontado pelo Ministério Público (MP) como o cabecilha do grupo e é ainda o principal suspeito da morte de “Pirinhos”, alegadamente assassinado durante uma disputa relacionada com uma transação de droga.
Na primeira sessão do julgamento, Fernando Emídio negou todas as acusações, afirmando que, desde que saiu da prisão, em dezembro de 2022, “nunca mais se meteu no negócio da droga”. No entanto, a juíza presidente confrontou-o com declarações prestadas no primeiro interrogatório judicial, onde o arguido admitira ter vendido cocaína a um dos coacusados.
Confrontado, o arguido respondeu que mentiu nas declarações anteriores, justificando que se encontrava sob forte medicação. “Tomo antidepressivos, sou acompanhado por um psicólogo e um psiquiatra. Quando fui detido, fiquei três dias fechado numa cela, a dormir vestido, só com a medicação que a minha família me levou. Estava entupido de comprimidos”, afirmou. Disse ainda que seguiu instruções do seu então advogado, que o teria aconselhado a admitir parte dos factos para evitar uma pena de prisão efetiva.
Durante o interrogatório, Fernando Emídio afirmou conhecer quatro dos cinco coarguidos, explicando que travou conhecimento com quase todos em estabelecimentos prisionais. Negou, contudo, que Joaquim Santos — apontado pelo MP como o seu braço direito — fizesse parte da rede, referindo tratar-se apenas de “um amigo” que o ajudou financeiramente após sair da cadeia, emprestando-lhe cinco mil euros para recomeçar a vida.
Segundo a acusação, Fernando Emídio saiu em liberdade condicional da cadeia de Braga a 3 de dezembro de 2022 e retomou o tráfico um mês depois. O Ministério Público sustenta que, entre 5 de janeiro de 2023 e 16 de dezembro de 2024, o grupo obteve lucros superiores a 700 mil euros com a venda de droga.
O julgamento prossegue nas próximas semanas no Tribunal de Penafiel.
