ESTUDO DO ISCTE ALERTA: É URGENTE REDUZIR EXIGÊNCIAS NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS INFORMAIS

SAÚDE. Um estudo do Centro de Investigação e Intervenção Social do Iscte (CIS-Iscte) conclui que é essencial implementar medidas concretas para reduzir as exigências associadas à prestação de cuidados informais, reconhecendo o impacto negativo que esta atividade tem na saúde e bem-estar de quem cuida.

A investigação, conduzida por Ângela Romão e Isabel Correia, analisou os fatores psicossociais que caracterizam o “ambiente de trabalho” dos cuidadores informais, através da adaptação do COPSOQ II, uma ferramenta habitualmente usada para avaliar riscos psicossociais em contextos laborais formais. O estudo mostra que estes cuidadores enfrentam exigências cognitivas e emocionais muito elevadas, como o apoio constante a familiares dependentes, altos níveis de stress e cansaço, aliados a falta de reconhecimento e apoio institucional.

De acordo com as investigadoras, a perceção de injustiça e ausência de apoio por parte do Estado agrava o desgaste físico e psicológico dos cuidadores, que frequentemente sentem que as suas necessidades são ignoradas. Por outro lado, fatores como previsibilidade das tarefas, clareza nas responsabilidades e confiança nas instituições surgem como elementos de proteção para o bem-estar.

O estudo foi realizado durante a pandemia de COVID-19, período em que se verificou um agravamento da saúde mental dos cuidadores. No entanto, os investigadores sublinham que a carga de trabalho se manteve semelhante a períodos anteriores, sugerindo uma pressão constante e prolongada. “Em termos de carga emocional, é como se quem cuida estivesse sempre em contexto de pandemia”, afirma Ângela Romão.

As conclusões reforçam a urgência de investir em políticas públicas que reduzam as exigências e valorizem o papel dos cuidadores informais, especialmente num país com um dos índices de envelhecimento mais elevados da União Europeia — 192,4 idosos por cada 100 jovens, segundo dados da PORDATA (2024). Mais de metade dos cuidadores informais em Portugal encontram-se atualmente em situação de sobrecarga, de acordo com o Instituto da Segurança Social.

O estudo foi apresentado no âmbito do Dia Nacional do Cuidador Informal, celebrado a 5 de novembro, durante a Conferência Inaugural do VII Encontro Nacional de Cuidadores Informais, promovido pela Associação Nacional de Cuidadores Informais, no Cine-Teatro São João, no Entroncamento.

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