O serviço de Arqueologia do Município de Amarante anunciou a redescoberta da antiga Ponte de Santa Luzia, uma estrutura medieval de grande valor patrimonial que constitui um dos mais antigos testemunhos da história urbana da cidade. A ponte, semelhante à conhecida Ponte do Arquinho, integra-se no conjunto dos únicos vestígios medievais identificados em Amarante, juntamente com os alicerces da antiga Ponte de Amarante, evidenciando a origem viária e histórica do território.

A Ponte de Santa Luzia, que ligava as ruas do Seixedo e Carlos Amarante (antiga Rua da Ordem), atravessava a Ribeira de Real, também conhecida como Ribeira de Santa Luzia. No início do século XX, o crescimento urbano levou à encanação da ribeira e da ponte, o que possibilitou a criação do atual Largo de Santa Luzia e das ruas João Pinto Ribeiro e Manuel Monterroso. Com o tempo, a ponte foi desaparecendo da paisagem e da memória coletiva, sendo apenas mencionada em 1934 pelo arqueólogo José de Pinho e inventariada novamente em 2017 a partir dessa referência histórica.
Durante uma recente visita técnica, a equipa de arqueologia municipal confirmou a integridade construtiva da estrutura, o que permitirá avançar com ações de investigação, conservação e salvaguarda. O município anunciou ainda que estão a ser preparadas iniciativas de divulgação e visitas guiadas, com o objetivo de permitir à comunidade conhecer e valorizar este importante património arqueológico.
A ponte apresenta um arco de volta perfeita com marcas de canteiro visíveis — entre elas, símbolos cruciformes, liras e inscrições em forma de “S”. O arranque do arco na margem esquerda encontra-se atualmente integrado num muro de alvenaria granítica datado da primeira metade do século XX, correspondente à antiga conduta de água da cidade.
A descoberta é considerada um marco relevante para o conhecimento da história e da evolução urbana de Amarante, reforçando a importância da preservação do seu património histórico e cultural.




