Linha do Douro entre Marco e Ermida vai estar encerrada durante cinco meses

FERROVIA. Troço Marco-Ermida ficará fechado entre novembro e março. Obras de 118 milhões de euros não irão aumentar a velocidade dos comboios e serão mantidas praticamente todas as passagens de linha.

A eletrificação da Linha do Douro entre o Marco de Canaveses e a Régua irá implicar o fecho temporário do troço entre Marco e Ermida. As obras irão decorrer entre o segundo trimestre de 2024 e o segundo trimestre de 2026, conforme consta da proposta de consulta pública lançada esta semana, com preço base de 118 milhões de euros.

A interdição do troço Marco-Ermida, com cerca de 25 quilómetros, irá ocorrer entre novembro de 2024 e março de 2025 e entre novembro de 2025 e março de 2026, “em data a definir” pelas Infraestruturas de Portugal. A culpa é da necessidade de rebaixar a linha de caminho-de-ferro nos túneis, para que possam passar os fios de catenária, que permitirão a circulação de comboios elétricos. Exemplo disso é o túnel do Juncal, com 1,62 quilómetros. Haverá outros cinco túneis ao longo da linha que irão beneficiar desta intervenção.

Estação da Ermida, em Santa Marinha do Zêrere, Baião, sobranceira ao rio Douro

O encerramento temporário de troços na Linha do Douro já ocorreu na eletrificação do troço entre Caíde e Marco, entre o final de novembro de 2018 e o final de março de 2019. Com a interrupção temporária da circulação, alega a IP, é possível rebaixar a linha em menos tempo. Se estes trabalhos fossem executados exclusivamente de noite, a obra iria custar mais e demoraria mais tempo. Por outro lado, não seriam necessários autocarros de substituição durante este período para manter o transporte público para as populações das estações do Marco, Mosteirô, Aregos e Ermida, além dos apeadeiros do Juncal, Pala e Mirão.

Linha do Douro quer ser Património Mundial

O fecho da linha também terá consequências na oferta da CP, que terá de rever a oferta de comboios a partir do Marco de Canaveses: os regionais apenas vão até à Régua, sendo que até ao Pocinho apenas funciona o serviço interregional. Nos dois anos, está prevista a supressão de um total 174 comboios por semana, quatro de mercadorias e 170 de passageiros.

Durante as obras também está previsto o encerramento, durante a noite, do percurso entre Marco e Régua, entre as 22h20 e as 5h20, levando ao cancelamento do último comboio regional. Durante o dia estão ainda previstas várias limitações de velocidade neste percurso, que deverão atrasar as viagens por um período máximo de oito minutos.

Apesar de a obra entre Marco e Régua ser feita em dois anos, a IP antecipa que os trabalhos “com interferência na infraestrutura ferroviária” decorram durante três anos, entre agosto de 2024 e julho de 2027.

No âmbito da empreitada serão realizados, entre outros, os seguintes trabalhos:

  • Eletrificação integral do troço, com cerca de 47 quilómetros, no sistema 25 kV/50 Hz;
  • Instalação do sistema RCT+TP e a execução de trabalhos acessórios para garantir as condições de eletrificação;
  • Adequação/modernização dos layouts (disposição das linhas) das estações, com substituição de material de via (AMV);
  • Alteamento ou relocalização das plataformas de passageiros das estações e apeadeiros;
  • Rebaixamento da plataforma dos túneis e a reabilitação/reforço pontual das estruturas e do revestimento e tratamento e reformulação do sistema de drenagem. Intervenções a executar em seis túneis existentes no troço:
  •           – Túnel do Juncal, com 1624m;
  •           – Túnel do Riboura, com 120m;
  •           – Túnel do Loureiro, com 402m;
  •           – Túnel Má Passada, com 37m;
  •           – Túnel do Santinho, com 82m;
  •           – Túnel da Régua, com 342m.
  • Trabalhos de estabilização de um total de 40 taludes existentes ao longo do troço.

Sem aumento de velocidade

Além da eletrificação da linha e das mexidas nos túneis, os 118 milhões de euros da obra até à Régua contemplam o alteamento das plataformas nas estações e apeadeiros — para facilitar a entrada e saída dos comboios –, a substituição de material de via, a estabilização de 40 taludes e a colocação de travessas de betão onde ainda existem travessas de madeira.

No entanto, não está prevista a supressão das 36 passagens de nível neste percurso, ao contrário de outras obras do programa de investimento do Ferrovia 2020. Também não está previsto o aumento da velocidade máxima, de 80 km/h. Ou seja, a eventual redução dos tempos de viagem deverá dever-se apenas ao uso de comboios elétricos — com maior aceleração — e ao retorno da linha às condições originais.

A eletrificação da Linha do Douro entre Marco de Canaveses e Régua é a obra mais atrasada do Ferrovia 2020: em 2016, previa-se que as obras começassem no segundo trimestre de 2018 e ficassem concluídas no final de 2019.

Novos comboios regionais da CP chegam em outubro de 2025

A obra, no entanto, sofreu vários percalços. No final de 2019, a IP assumiu que “as dificuldades técnicas, evidenciadas pelo consórcio projetista, obrigaram à revogação do contrato. No início de abril de 2022, as verbas europeias para esta obra foram transferidas para os trabalhos nos troços Caíde-Marco de Canaveses (Linha do Douro) e Meleças-Caldas da Rainha (Linha do Oeste). A eletrificação do Marco-Régua passaria para o quadro financeiro europeu 2021-2027.

Depois da eletrificação do Marco-Régua, fica a faltar que os comboios elétricos cheguem ao Pocinho e Barca d’Alva, com a reabertura do troço ferroviário encerrado em 1988.

António Orlando

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