INVESTIGAÇÃO. A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa apresentou no MACC BAIÃO – Mosteiro de Ancede Centro Cultural, os resultados da investigação desenvolvida pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), cujo trabalho de recolha de dados em campo decorreu nos concelhos da região do Douro, Tâmega e Sousa.
A apresentação dos resultados esteve a cargo de José Aranha, professor da UTAD e responsável pela investigação, que resultou de uma parceria firmada, em 2021, entre as duas entidades, com o objetivo de contribuir para o controlo da espécie exótica no território do Douro, Tâmega e Sousa, através da criação de mecanismos de controlo e inativação de ninhos de vespa velutina, de forma mais simples e eficaz, quer para os serviços de proteção civil das autarquias da região com competências atribuídas para o combate quer para os apicultores, que são severamente afetados pela destruição das suas abelhas nos apiários.
Volvidos dois anos, a investigação permitiu concluir que a prevenção é mais eficiente que o combate a esta espécie invasora. Neste período, e em função do ciclo biológico da vespa velutina, foram realizadas ações no terreno de capacitação de apicultores para a construção e instalação de métodos de destruição de ninhos, designadamente armadilhas primárias, colocadas junto de apiários para capturar potenciais vespas fundadoras e obreiras de primeira geração, bem como harpas elétricas, utilizadas quando a espécie começa a caçar em frente às colmeias.
Os resultados obtidos demonstraram que, no que concerne à instalação de armadilhas primárias, os ataques foram menos intensos no verão, enquanto a utilização de harpas elétricas permitiu diminuir o número de ataques e a intensidade dos mesmos.
Paralelamente, a investigação procurou ampliar os métodos de destruição alternativos para a proteção civil municipal, através de dispositivos de injeção, mais rápidos de usar e sem estarem dependentes da hora do dia para os usar, permitindo às equipas de destruição atuar em mais locais e inativar mais ninhos em menor tempo, melhorando, assim, a atuação dos municípios, que têm responsabilidade no controlo e destruição de ninhos.
Um dos problemas detetados anteriormente foi o facto de os ninhos localizados em contexto rural e/ou florestal de difícil acesso não serem inativados ou destruídos. Nesse sentido, foi estudado um processo de inativação de ninhos que pudesse ser usado em situações de difícil acesso, que culminou com o desenvolvimento de um composto biológico específico – biocida – para o combate à vespa velutina e respetivo ajustamento num dispositivo de injeção para controlo da espécie em ninhos.
Nessa sequência, a CIM do Tâmega e Sousa procedeu à aquisição, para os 11 municípios que a integram, de equipamento de inativação de ninhos da vespa velutina com o biocida desenvolvido pela UTAD.
A investigação permitiu ainda aferir a necessidade de tanto as ações de prevenção como as de inativação dos ninhos ocorrerem ao longo de todo o ano, em função do ciclo biológico da espécie, e de mesmas serem executadas por profissionais creditados, pelo que será importante equacionar a criação de um curso de formação profissional creditado para agentes utilizadores dos dispositivos de inativação de ninhos.
De referir que a região do Douro, Tâmega e Sousa continua a ser uma das mais afetadas a nível nacional por esta espécie invasora, pelo que esta parceria vem dar continuidade e reforçar os trabalhos já desenvolvidos no âmbito de outros projetos, como o GesVespa, que decorreu entre 2016 e 2019 e que foi liderado pelo INIAV, em parceria com a CIM do Tâmega e Sousa e a UTAD, entre outros, e o GO Vespa – Grupo Operacional “Controlo e minimização de prejuízos da espécie invasora Vespa velutina nigrithorax (Vespa velutina) na produção apícola”, gerido pela Dolmen – Desenvolvimento Local e Regional, entre 2018 e 2021, também com a parceria da UTAD.
Com base nos resultados apresentados no seminário GO Vespa 2021, foram criadas uma carta de densidade de ninhos por quilómetro quadrado e uma carta de suscetibilidade de expansão desta praga para o Douro, Tâmega e Sousa, nas quais é bem visível que a região se encontra severamente afetada por esta espécie. Estas duas cartas mostravam que, se se mantivesse o modelo de registo e de destruição de ninhos, a vespa velutina iria continuar a sua expansão.