Prescrição Social em vias de ser implementado em Baião

SAÚDE. Baião prepara-se para implementar projeto de Prescrição Social

O concelho de Baião, um dos municípios do distrito do Porto que mais “sofre” de carências ao nível dos cuidados primários de saúde por causa da falta de médicos de família, prepara-se para, a curto prazo, passar a contar com a valência de “Prescrição Social no Centro de Saúde e no serviço Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS), sediado na Câmara Municipal. “O objetivo é a melhoria do bem-estar e da saúde mental da população com 55 anos ou mais, inscrita no Centro de Saúde de Baião e com fatores de risco socioeconómicos para (ou com) doença mental comum, seja ela depressão ou ansiedade”.

A Rede de Prescrição Social, que integra investigadores, profissionais multidisciplinares, utilizadores de serviços, gestores e decisores políticos, é uma intervenção “inovadora” para promoção da integração de cuidados e aproximação dos parceiros de saúde e sociais. A rede permite a médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde a prescrição de caminhadas, grupos de prática de atividade física, grupos sociais, atividades de lazer e recreativas, momentos de contacto com a natureza, cultura e artes, entre outros, complementando a prescrição de fármacos e restantes terapias médicas que por norma realizam. O projeto conta com o apoio da Direção Executiva do SNS, do Instituto da Segurança Social e da Direcção-Geral da Saúde.

“Através desta abordagem, os médicos e demais profissionais de saúde, passam a ter novas ferramentas para dar resposta a necessidades de saúde não clínicas com maior facilidade – sejam necessidades sociais, emocionais, ou práticas, como a solidão, o isolamento social ou eventuais vulnerabilidades económicas ou habitacionais” explica fonte ligada ao projeto.

Os benefícios podem ocorrer ao nível da “redução dos problemas de saúde mental, o aumento dos níveis de bem-estar, da atividade física, da literacia em saúde, a capacitação para a autogestão da doença, a redução do número de consultas com médicos de família, da prescrição de medicamentos e do número de episódios de urgência”, refere a fonte.

A Rede de Prescrição Social de Baião contará com coordenação e supervisão de profissionais de saúde da Unidade de Saúde Pública do Baixo Tâmega e da Unidade de Saúde Familiar (USF) de Baião, apontando para a articulação de cuidados centrados na pessoa, no âmbito de uma parceria entre o setor da saúde (Unidade Local de Saúde Tâmega e Sousa) e o SAAS. Recentemente o Centro de Saúde de Baião acolheu a realização de ações de formação dirigidas às profissionais do SAAS e assistentes sociais da Unidade de Saúde. A literacia em saúde focada em idosos; doença mental; saúde mental; alcoolismo; gestão de crise e gestão de resistência; determinantes de saúde mental e nova lei de saúde mental, foram algumas das temáticas abordadas.

O lançamento da Rede de Prescrição Social – Portugal, a nível nacional, decorreu no passado dia 9 de abril, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no âmbito de um evento promovido pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova, que “contou com a presença das técnicas das instituições baionenses, onde foram discutidas diversas temáticas relacionadas com o projeto, destacando-se as intervenções de responsáveis de instituições da esfera de ação da rede, técnicos e especialistas nacionais e internacionais”, adianta fonte municipal.

Organizada desde 2023 em Portugal, a rede surgiu no quadro de um acordo com a ENSP da Universidade Nova de Lisboa, estando atualmente mais de dez projetos em curso nas regiões do Norte, Lisboa e Vale do Tejo, no Alentejo e no Algarve.

O projeto foi importado do Reino Unido onde começou a ser implementado há cerca de 20 anos com “mais-valias, desde logo um aumento do bem-estar e da qualidade de vida e a melhoria do estado de saúde, com um impacto muito significativo na área da saúde mental”, garante a fonte ligada à rede.

SUCESSO NO REINO UNIDO

Em entrevista ao jornal Público publicada no dia 9 de abril, a diretora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Sónia Dias, explicou que o projeto, implementado há cerca de 20 anos no Reino Unido, de onde foi “importado”, tem apresentado evidentes “mais-valias, desde logo um aumento do bem-estar e da qualidade de vida e a melhoria do estado de saúde, com um impacto muito significativo na área da saúde mental. Em Portugal, os dados ainda preliminares, indicam que parece ter benefícios. A nível individual, começamos a ter indicadores de redução do isolamento social, da ansiedade e de alguns sintomas depressivos. Algumas pessoas reportaram também sentir menos dor e um maior sentido de pertença à comunidade, graças ao contacto social. Começamos também a ter indicadores que apontam para uma utilização mais adequada dos cuidados de saúde e para a redução de consumo de alguns medicamentos. Por outro lado, há um impacto ao nível das instituições e do funcionamento em rede. A prescrição social permite uma maior integração das respostas nos diferentes sectores que podem contribuir para a saúde”, adiantou ao diário.

António Orlando

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